terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma Temporada no Inferno




Pela primeira vez, postarei algo que saiu de meus dedos, mas que não saiu da minha mente. Tenho certeza que não escrevi isso... De alguma forma, foi composta. Espero que possam ler.


“Foi difícil enfrentar tantas coisas que vinham de uma vez só por toda a cabeça que, por sua vez, estava parada e não conseguia pensar em nada que não fosse a autoflagelação. Um tempo em que a mente estava fechada e o coração estava tentando se abrir, mas não se encontrava. O meu medo urrava querendo sair e mostrar as caras, mas a minha pouca força de vontade (o que havia sobrado depois de tanto tempo) me fez aprender a defender. Senti o coração apertado por muito tempo e apertava a minha mão tentando fazer com que a dor cessasse, mas ela não o fazia.

Todos os dias, quando acordava, sabia que seria mais um dia de mansidão de calor e intensidade de loucuras. Não conseguia desvendar mais o que era real e abstrato. Vivia em um eterno submundo de prazeres e comodidades, mas, ao mesmo tempo, sabia que precisava de uma calmaria. Esta calmaria me chegava de uma forma inconstante. Nem sempre me servia como alívio, mas era a única forma que eu tinha de entender a mim mesmo.

Os sons que se aproximavam me fundiam entre a loucura e a insensatez, terminavam por me deixar incontrolável, terminavam por me deixar entorpecido por meu próprio veneno que era constituído por uma autodestruição. Cada batida, cada tom de voz, cada perfeição que eu encontrava, me deixava ainda mais perdido, porque no meu mundo não havia nada daquilo. Nenhuma daquelas cores eram bem vindas no que me dizia respeito.

As páginas escritas pra mim estavam em branco, e as páginas em branco me deixavam ainda mais vazio. Me torturavam dentro de um aspecto muito mais doloroso do que o físico e do que o mental. Era algo, realmente, inexplicável, amedrontável, e o pior... Naquele momento, para mim, era idolatrável.

Queria poder chegar ao fim, mas sabia que ainda não seria possível. O meu tempo estava próximo, mas as dores ainda deveriam ser sentidas de outras maneiras. Meus companheiros se afastavam, minhas damas se encontravam fora de alcance, meus pensamentos não mais me pertenciam, na verdade, eu pertencia a eles. E, por último, meus dias não podiam ser contados, porque eu, sequer, sabia em que dia me encontrava.

Se é que, em algum dia, ou lugar, em me encontraria.

Até que a maré passou, e eu percebi que estava vendo flores onde eram apenas notas tortuosas de músicas malfeitas trazidas por um compositor que não sabia ler uma só canção. Estes dias não foram melhores que os outros, pois foi quando descobri que estava tudo bem, que percebi que não era o tudo bem que me fazia falta.”

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ser ou não ser, eis a questão...




Estilos... estilos.. O que você é, quem é você?

Estas perguntas estão encravadas na sociedade. Eu já fiz parte de grupos ideológicos quando era adolescente e posso dizer que, o que vou escrever agora, não é preconceito e, sim, um pós-conceito muito enraizado nas críticas pessoais que tenho comigo.
Ser ou não ser..? Eis a questão. Shakespeare já nos fez pensar muito sobre isso. Acho engraçado como as coisas mudam de curso assim, nesta velocidade. O que eu não entendo é o porquê de as pessoas nunca entenderem a verdadeira mensagem que lhes é passada, e sempre ficam nestes pensamentos parados no tempo.

Vivemos em um país que se vangloria pela “mestiçagem” (oh palavrinha feia... Parece um palavrão... – Seu mestiço...), mas que, ao mesmo tempo, se perde em ideologias hipócritas que vagueiam a imensidão das cabeças vazias.

Então, vamos lá... Isso tudo serve para que eu possa dizer a minha chama não apagada que é a questão da identidade. O que é identidade, meu povo brasileiro? Será que alguém saberia responder? Ah.. Na-não... Não é o codinome da nova temporada de Malhação... Não.. Não é apenas o documento em que se apresenta o RG... Mas estamos quase lá.

Identidade é a marca com que uma pessoa é designada a viver para o resto da vida. Temos uma identidade... Somos um número perante a sociedade... Meu nome não é Marcos, meu nome é 0951... e por aí vai...

O que me incomoda, de verdade, no Brasil (e quiçá no mundo) é a forma como estas identidades são impostas. Um dia desses, eu estava vestindo uma camisa preta e um garoto cabeludo passou por mim e, rapidamente, olhou para a minha camisa (que tinha um símbolo) e ficou tentando identificar o que seria aquele símbolo... Foi então que, depois de um tempo, juntou coragem e me perguntou... “Que banda é essa?” – e eu pensei: “Meu Deus... Sobre o que esse menino está falando...” – Depois de um tempo, eu entendi o que seria aquela indagação... Para ele, o preto é a cor da vestimenta dos roqueiros e isso fez com que ele achasse que o símbolo em minha camisa era alguma identidade visual de alguma banda de metal ou algo do gênero.

Isso não pode acontecer na nossa sociedade... Deixemos de lado os pensamentos de identidade que estão nos causando pavor de ser quem somos de verdade. Aqui, ou se é homossexual, ou se é heterossexual, ou se é branco, ou se é negro... Sejamos tudo... Sejamos partes separadas de uma só alma. Sei que parece utopia, mas não é... Por que não ser um pouco de tudo? A escola “Tropicália” nos ensinou que não é preciso ser isso OU aquilo... Porque podemos ser isso E aquilo.

Este espaço é minúsculo para esta discussão, então, vamos tentar continuar com os votos de confiança que temos em nós mesmos... Não se envergonhem de ser Norte, Sul, Leste e Oeste. Tanto faz o que você é, ou de que lado você esteja... Não é a toa que o Sol nasce de um lado e se põe do outro.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Votar "nulo" é ineficaz?




Vejo, em diversos sites e blogs, diversos políticos afirmarem que o voto nulo é “legal” mas não “eficiente”. Acho justo que o façam, uma vez que estão lutando (ou talvez brigando) pelo nosso voto. O problema é que eles não tentam enxergar, além da sua vaidade, e entender o que se passa na cabeça dos eleitores. Pensemos juntos: imagine-se, em casa, quando criança, esperando o seu pai chegar do trabalho, pois ele lhe disse, na noite anterior, que lhe levaria, ao cinema, para que pudesse assistir ao filme que a maioria dos seus amiguinhos já havia visto. Então, o seu pai chega e lhe conduz a acreditar que está cansado e não pode mais sair naquele dia. O que lhe resta é esperar que ele não se desvie da promessa na noite seguinte, porém, é o que ele fará durante todo o mês. Você, “caro e-leitor”, acreditaria, ainda, nas promessas do seu pai?

Acredito que todas as respostas sejam as mesmas: NÃO. Agora, pense bem, se você não acreditaria, nem mesmo, no seu pai... Imagine-se acreditando, a cada verbo que solta um candidato político, de que as suas atitudes, quando eleito, serão os passos dado para a melhoria da sociedade em que vive. É difícil crer nessas palavras, quando sabemos que já estamos necessitando dessa credibilidade há algum tempo.

Não julgo, aqui, nenhum político (em particular), mas julgo o pensamento arcaico de querer manipular a massa e fazer com que ela acredite que o voto “NULO” é uma decisão que não lhe favorece. Talvez, se todos votássemos NULO, eles (os candidatos) teriam uma resposta à altura da confiança que sentimos neles. Não existe algo mais desagradável do que viver em uma sociedade em que vota-se porque não tem escolha. Saber que está, em frente a uma urna eleitoral, digitando os números daquele que você acha que é o menos pior (pra não dizer corrupto), é aniquilar o resto do intelecto que acreditam que nós possuímos.

Então, cabe a todos nós eleitores que pensemos (e muito) em quem votar... E não se sintam desprezados, por aqueles que o cercam, por não se sentir apto a escolher o melhor representante (seja da cidade, do estado ou do país)... Estamos todos no mesmo barco. Estamos desacreditados daquilo que nos prometem, pois, na maioria das vezes, ficamos à espera de uma realização fatídica no âmbito do crescimento e reconhecimento.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Harmonia





E eis que as suas pernas se enroscam nas minhas,
E o seu corpo responde ao meu chamado.
Os seus impulsos reagem ao comando dado
E o seu fôlego ressoa em meu ouvido.

Que bom que é sentir as suas pálpebras,
O involuntário sentimento de nervoso
Que sobe tremendo as pernas e os nervos,
E que faz com que sintamos uma ansiedade infindável
Que provoca toda a euforia dentro da imensidão dos pensamentos.

Ai que vontade de tocar a harpa do seu corpo,
Que vontade de penetrar o âmago das suas notas musicais.
Ai que saudade que dá da musicalidade da sua fruição,
Do desejo da sua paixão, e do medo de explodir em excitação.

Deixa entrar em harmonia a sintonia da gente,
Grita para o mundo o que tem em mente,
Invade os meus pensamentos e me traduz,
Faz de mim a sua vida e confia em tudo o que me seduz.

Deixemos que a fragrância do amor role por todo o lençol.
Permitamos que as entranhas se pareçam estranhas
Ainda que singelas, ainda que constantes...
Ainda que puro doce, ainda que alfazema,
Ainda que necessidade, ainda que poema.

Que o toque da sua mão seja puro e esmero.
Que a mocidade do seu corpo não esteja no hoje,
Mas sim em todo o tempo do mundo.
Não que se veja sempre jovem,
Mas que se veja sempre linda.
Não que respire como antes,
Mas que suspire como nunca.

Pois seu corpo é a tradução instantânea do meu eu,
Por tudo que se compõe em uma canção,
Dada a maestria da organização,
Criação recente de todas as músicas,
Seja, ainda que distante, a minha musa.