terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Análise da obra “Noites Brancas” de Fiódor Dostoiévski


Como havia prometido, escrevo para vocês sobre a obra “Noites Brancas” do escritor russo Fiódor Dostoiévski. Para começar, é sempre bom expor que a leitura das obras deste autor, nem sempre, trazem aquela alegria que o leitor espera ter ao finalizar uma boa história. Dostoiévski (me darei o direito de chamá-lo, simplesmente, pelo sobrenome) não se importava com a felicidade, ele buscava a sinceridade das suas palavras para que traduzissem o que sentia em cada momento da sua vida. O autor procurava escrever enquanto sentia; após os desabafos, calava-se e mantinha-se em sua luta política e ideológica.

Na obra “Noites Brancas”, o leitor poderá perceber uma comédia de humor duvidoso; não vai rir com as “piadas” encontradas no texto, mas perceberá que estará fazendo uma autocrítica por causa da sua semelhança com o personagem alvo. Enquanto o personagem principal (o focado em seus sonhos) visualiza uma São Petersburgo solitária, lisérgica e esquizofrênica, encontra uma moça (de nome Nástienhka) e começa a mostrar a sua mente para ela. De início, possivelmente, o leitor pensará em desistir... Não há nada de belo na mente do pobre rapaz; mas, se conseguir persistir, conhecerá um lado do ser humano que nenhum outro pensador conseguiu mostrar.

Todos nós temos, dentro das nossas vontades, um sonho suprimido. No caso dos personagens em questão, sonhavam com a liberdade que os aguardava de uma forma fantasiosa. Pensam que são as chaves para a salvação da vida petrificada que levam. Nas noites brancas (um fenômeno, na Rússia, que faz das noites tão claras quanto os dias), os jovens relembram a mediocridade das suas histórias, com simbolismos valiosíssimos, e se jogam em uma narração pesada e cheia de figuras de linguagem. A pobre moça vive “costurada” ao vestido da sua avó; enquanto o pobre rapaz percebe que o seu grande amor está jurando a sua eternidade a um homem que lhe pareceu não ser digno do olhar carismático e choroso dela.

Como em livros já conhecidos do autor (“Crime e Castigo”; “Irmãos Karamazov”; “O Idiota”), o final surpreende com uma desmoralização do que se pode esperar da felicidade. Se estão acostumados a contos de fadas, lerão, em primeira mão, o que considero um romance de verdade. Chega de bobagens e lágrimas por homens que só valem a pena por seus músculos e belezas ilíadas; Dostoiévski mostra que chegou a hora de se aprimorar ao que mais importa... A mente, a lembrança, a experiência e a semelhança entre os dois amantes.

Ao ler “Noites Brancas”, duvido que não se sinta incomodado ao se encontrar em partes fundamentais da obra. Desafio o leitor a continuar gostando das mesmas obras fúteis que tem chegado ao espaço literário. O autor e idealizador russo contempla-nos com uma obra-espelho... Até onde me conheço, tenho muito do casal envolvido pelas noites brancas.