quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Literatura Popular como Ponto de Partida




Eu fico me perguntando o que faz com que nos afastemos da Literatura. Um dia, pensando bem e analisando tudo o que estava acontecendo com os leitores e não leitores, eu comecei a entender o que este processo estava causando em nossa sociedade. Por que os americanos, os europeus e os outros povos (que não os brasileiros) são considerados letrados e bons leitores? É simples. Essa denominação se dá pelo fato de que eles leem.

O que afasta os brasileiros da leitura (principalmente os jovens) é a imposição literária que lhos é feita pelos acadêmicos. A busca e a felicidade negligente que exacerba um sentimento único e enraizado nas obras tidas como eruditas fazem com que os leitores se sintam expelidos pelo prazer absoluto da leitura. Faça um teste consigo mesmo e tente iniciar uma utilização obrigatória daquilo que ama e veja que não haverá mais graça.

Quando alguém diz para um adolescente: “Isso que você lê é terrível, você deveria ler ‘D. Casmurro’ ou ‘Madame Bovary’ e outros de mesma estirpe erudita”, você está prestes a assassinar a paixão de um suposto leitor assíduo. Não digo aqui que não se deva apresentar os autores eternos, o que não devemos é fazer fatídica a existência única desses autores. Há inúmeros escritores que podem influenciar o início desta leitura para todos. Quem me garante que uma pessoa que começou lendo “Os três porquinhos” não terminará lendo “D. Quixote”? É um caminho óbvio e constante. Todos começamos pelo que nos é mais aprazível e partimos para o que a nossa escada intelectual nos permite entretermo-nos.

Julgam autores que envergam-se em prol da magnitude da literatura infantil e não permitem que estes façam o seu papel. “Harry Potter”, “Crepúsculo”, “Brida”, “O Senhor da Chuva” são livros que, nem de perto, são considerados eruditos, mas, com certeza, abrem a dimensão literária de uma forma esplêndida e aflora os ânimos desta construção intelectual. Ao ler estes livros, o leitor identificará uma marca permanente em sua bagagem literária e se sentirá livre para voar e entender o que outros autores insistem em relatar. Bella, personagem da obra vampírica de Meyer, vive com dois livros em sua cabeceira: “Morro dos Ventos Uivantes” e “Romeu e Julieta”; Harry Potter e Hermione citam inúmeras práticas medievais e celtas que poderiam ser desconhecidas pelos seus leitores alvos. Brida ensina maneiras práticas de se concentrar e achar o ponto de equilíbrio o que ajuda, inconscientemente, na prática da leitura.

Essas são as funções das obras populares. Estas fazem de tudo para que o leitor se aproxime do que se é chamado Erudito. Então, pensemos mais vezes, agora, quando formos desanimar a leitura de um adolescente que pensa que aquele é o mundo de valores pertinente para o seu aprendizado. Nunca se deve jogar fora uma conquista de aprendizado. De tudo se pode tirar símbolos e imagens que sirvam de ideologia. A Literatura é o conjunto de símbolos que servem para administrar a sua mente, a fim de trazer a tona mensagens que sempre estiveram presentes e que não eram de fácil acesso.