domingo, 26 de junho de 2011

O Cinema e a Literatura



Hoje, como podemos perceber, o cinema está fazendo com que a Literatura seja redescoberta. Muitos profissionais (professores, pensadores e outros) costumam apedrejar a arte visual por causa das suas representações, como ditas, incompletas, incompreensíveis e pobres... Porém, deve-se ter em vista que as telonas (como mais conhecidas) traduzem o desejo dos leitores de enxergar a realidade da sua fantasia.

Há três passos a serem dados antes de adentrar o mundo cinematográfico-literário; o primeiro é não se esquecer de ir beber da fonte original, ou seja, nunca deixar o livro de lado e optar, somente, pelo cinema. O segundo passo é compreender que o filme é a representação da obra pelo ponto de vista de um diretor (e a sua equipe). Então, não poderemos, nunca, dizer que o filme é ruim porque não tem nada a ver com o livro... Essa crítica deve ser esquecida. Obviamente, o livro trará muito mais emoção que o cinema, pois, no primeiro, o criador da imagem é você (enquanto leitor). E o terceiro, e último, passo é acreditar que aquele mundo só existe porque alguém o escreveu antes.

O cinema tem o poder de recriar, de recontar; não podemos deixar de lado a figura do livro para se encantar, simplesmente, com a visão nos dada por alguém. Deixemos de lado a preguiça de ler, contemos e recontemos a mesma obra várias vezes, para que, assim, possamos declarar o mundo que vem a nossa mente quando lemos. Os diretores de cinema tem o poder de construir o mundo, mas esse só terá valia se o leitor souber o significado real.

Imagine um lago, um personagem, uma casa, uma fazenda, um cortiço... Agora, grave em sua mente, leia mais vezes as suas características, enfatize a construção física disso em algum lugar do seu cérebro. Depois, vá ao cinema e compare os seus com os deles... Nunca desista de sonhar os seus personagens... “Ah, Basílio não era como eu imaginava...” – “Puxa, Sansão era um cavalo muito mais lindo em meus pensamentos...” – Tudo o que você cria, ao ler, é, exatamente, o que a verdade te consolida. O cinema trará imagens, algumas vezes, diferentes das que você imagina, mas você não estará errado, ou, sequer, o diretor. A verdade é que ambos tiveram um protótipo de criação desigual.

Leia, sonhe, crie... Mais tarde, dentro da sua mente, você será o diretor/criador dos seus próprios mundos. A Literatura serve para fazer com que a fantasia e a juventude nunca morram dentro dos seus sonhos.

sábado, 18 de junho de 2011

A Geração Resumo



Não é mais segredo para nenhum educador que os estudantes, hoje, perderam o tesão pela leitura. Agora, com a Internet e o mundo tecnológico (no geral), eles buscam a maior praticidade. Porém, o que eles não entendem é que para a sabedoria completa, para o intelecto e para um bom comportamento social, não existem caminhos fáceis.

Os estudantes estão ficando mais e mais preguiçosos. A culpa disso é da Tecnologia (apenas)? CLARO QUE NÃO. A maior culpa disso é dos professores que chegam, às salas de aula, impondo um tipo de Literatura com a qual os jovens não estão acostumados. É muito fácil, para o professor, pedir que o estudante leia uma obra; porém, é difícil para o estudante ler enquanto não vê o seu professor lendo. Foi-se o tempo em que os jovens acreditavam na língua do falante. Agora, eles vivenciam a época São Tomé. É preciso ver pra crer.

Para que um jovem leia, é preciso fazer com que ele se sinta atraído pela obra. Não se deve, simplesmente, jogar a Literatura contra o leitor. Diz o professor: “leia ‘O homem que sabia Javanês’”, e o estudante diz: “Tá bom”. Isso não basta. O professor SABE que o estudante vai procurar um resumo na Internet e vai se dar por satisfeito pelo pouco conteúdo que esses resumos expressam. Daí, vem o questionamento, “e o professor não percebe isso?” – Percebe sim, mas o que ele pode fazer se, na maioria das vezes, ele também só leu o resumo?

O adolescente confia na influência que o intelectual lhe expressa. Se ele vê o seu tutor lendo, o fará também. Se ele só conhece o mundo literário do tutor ao ouvido, não fará a mínima questão de adentrá-lo. É preciso mais confiança. É preciso mais desejo. O estudante precisa entender que a obra trará um mundo novo. Com a obra, a sua mente trabalhará de uma forma mais conjunta; a sua criatividade se tornará a sua maior arma. Em um mundo de guerras bélicas, vale a pena experimentar a arma do saber.

Professores, não deixem que o tempo imposto pelos vestibulares faça com que vocês insultem a inteligência dos seus pupilos dizendo-lhes a resposta para tudo. Ninguém deseja, de fato, saber a verdade do universo através de uma fala. Todos devem buscar essa fatídica idéia através de leituras. Pense bem, quando lhe falaram sobre a não existência de Papai Noel, o que a sua mente pensou? Agora, pense... O que o seu estudante deve pensar ao saber que você sabe tudo e pode lhe passar? O seu esforço para chegar a tais conclusões não valeu de nada, pois estes pupilos usarão, apenas, do seu ponto de vista (resumido) para chegar a uma conclusão sobre a verdade.

Busquemos os estudantes. Tragamo-los para perto da leitura. Façamos com que eles entendam que não se lê para “passar de ano”; lê-se para adquirir conhecimento, lê-se para armar-se contra um mundo impróprio e injusto. Lê-se para conhecer-se.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Twitter e a nova Literatura



É difícil viver em um país que não dá, quase, nenhum apoio à Literatura. Alguns ainda pensam que existe uma boa e uma má obra de arte. Na verdade, existe aquela que mais te instiga, e existe outra que não condiz com o seu perfil de leitor. O twitter, ultimamente, tem entrado forte no mundo literário, trazendo diversas novidades e diversos bons tópicos a se discutir. Vocês devem estar se perguntando o motivo pelo qual estou mostrando tudo isso... A verdade é que estou fascinado pela forma como os leitores estão mostrando as caras no Brasil.

Há alguns meses, talvez um ano, um(a) “desconhecido(a)” decidiu criar uma obra de arte, voltada à fantasia, e quis mostrar ao público como é a criação de um livro de ficção. Como num seriado, o(a) autor(a) (que usa o pseudônimo de DarkWriter) posta, na Internet, os capítulos da obra separadamente. Os leitores, então afinadíssimos, buscam e fazem o download do arquivo.

A febre está crescendo cada vez mais, e os internéticos fãs estão dando total apoio à construção. Essa é uma das verdades que nós temos que encarar na contemporaneidade. Como professor de Literatura, posso afirmar, ao ouvir todos os estudantes, que essa é a forma que eles querem ser conquistados. O(a) DarkWriter tenta chamar a atenção dos seus fiéis leitores com uma forma diferente de contar as suas histórias. Tudo acontece em Londres, o que pode causar questionamentos como: “então a obra é estrangeira?” – Não... A obra é nossa, é brasileira. Para um livro ser considerado estrangeiro tem que ter sido escrito, originalmente, em outra língua que não a nativa (o que não é o caso).

A fantasia, todas as vezes, foi um combustível muito favorável às críticas sociais. Quem nunca leu “O Senhor dos Anéis” e encontrou uma ótima crítica ao egoísmo, à ganância vivida na Segunda Guerra Mundial? – ou então, quem nunca leu “As Brumas de Avalon” e percebeu que há uma crítica severa ao preconceito e ao ódio? Todas as obras de fantasia (posso citar várias) trazem esse “quê” de realidade.

O(a) DarkWriter não faz diferente. Através das falas da personagem principal (Mary Prince), nossos jovens (e adultos também – extraordinário isso) começam a repensar as suas atitudes, as suas fraquezas e, enfim, a forma como tratam a morte. É importante que saibamos separar as ideologias. Não esperemos, dos novos escritores, críticas tais como as feitas por Machado de Assis, Oscar Wilde, e outros, pois a linguagem é outra, o momento é outro... Os erros são os mesmos, porém os pontos de vista são diferentes.

Devemos dar valor à nova Literatura. Não a tratemos como lixo. Na sala de aula, ensino aos meus estudantes que o primeiro valor de uma obra de arte é fazer com que você se sinta bem a ponto de se expressar através das idéias que ela te passa. Não adianta ler o que não lhe convém se, mais tarde, você subverterá os valores obtidos no mau entendimento da tal. Questione-se, abstraia as pressões alheias... Leia o que lhe faz se sentir mais social. Trate bem a Literatura e espere que ela faça o mesmo com você.

Se você não consegue ler Machado de Assis ou Shakespeare, mude um pouco os ares. Comece lendo, por que não o(a) DarkWriter, “A Lenda dos Guardiões”, depois, quem sabe, já acostumado com a linguagem literária, você se sinta apto a ir mais fundo nas críticas sociais e pessoais.

domingo, 5 de junho de 2011

Vestibular é coisa do passado




Ontem, conversando sobre aulas de Literatura, com uma ex-estudante minha, tive que explicar qual era a real função da educação. A garota me perguntou qual era o livro que eu estava trabalhando, com os meus estudantes de terceiro ano, no momento... Eu lhe disse que estávamos analisando “As Vítimas Algozes” do Joaquim Manuel; o susto que ela levou me deixou ainda mais assustado. “E você acha que vai dar tempo?” – eu, de início, não entendi o motivo da sua pergunta, porém, depois de mais algumas palavras dela, eu comecei a perceber que o seu medo era que os estudantes não estivessem aptos a prestar o vestibular.

Aquilo me deu uma angústia tão grande, que eu fiquei pensando nisso o dia inteiro. Será que é possível que o único interesse do estudante, hoje, seja a aprovação do maldito vestibular? Esse “câncer” da sociedade brasileira está tomando conta da real valorização da educação. Hoje, o estudante não tem interesse em aprender... Quando o educador tenta ministrar o conhecimento, de alguma forma, ouve do seu pupilo a seguinte pergunta: “Professor, isso cai no vestibular?” – Aposto que, qualquer professor de verdade, deva ter vontade de sair correndo e armar uma revolução na porta do congresso.

Na minha época de estudante colegial, sempre quis aprender. Nos tempos de hoje, conheço muitas coisas que aprendi na escola e que sei discutir com quem quer que seja. Os meus mestres me ensinaram a buscar o senso crítico; me fizeram conhecer a minha própria mente, me fizeram ser um ser pensante. Atualmente, os estudantes querem, apenas, decorar... decorar.. decorar.

Será que ninguém vê esse simples aspecto errôneo tomar conta e destruir o que ainda nos resta do aprendizado? Quando é que vamos perceber que vestibular é pros fracos? Quando é que vamos perceber que com esse método a nossa educação só vai ser diluída no poço mágico da destruição e do esquecimento? Vestibular é um exame que “escolhe”, apenas, os que estão, irritantemente, sob a custódia de um arreio. Responder a uma proposição que lhe é imposta é a forma mais medíocre de nomear um aprovado.

Coloquemos esses mesmos estudantes para escrever uma boa dissertação, ou para gerirem um artigo científico de tamanho objetivo (ou objeto) e vejamos se eles são, fatidicamente, capazes de se adequarem às suas próprias opiniões. Marcar um (X) não faz do estudante um universitário. Para que voltemos com o desejo de aprender, precisamos extinguir essa idéia maquiavélica do Vestibular. O estudante (o jovem, o adulto...) deve querer estudar para aprender. Hoje, com tantas universidades, fica fácil estar lá e se tornar um deles; queria ter de volta aquele orgulho de ser aprovado em uma instituição porque somos bons.

Precisamos de mais qualidade... Precisamos de mais vontade. Para isso, é necessário que excluamos essa idéia de um exame sifilítico, que deturpa a imagem da nossa sociedade, e apontemos para um plano maior. Apontemos para uma ordem consumada na própria colocação do aluno. Busquemos os históricos; façamos que eles estudem mais. Pontuemos e qualifiquemos o aprendizado do estudante a ponto de isso reforçar o seu futuro. Se um aluno, hoje, perde um ano, não lhe fará diferença alguma nos tempos do amanhã... Então, para que estudar duro?