quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Literatura Como Representação de Tudo




A Literatura é a maior das representações da vida. Muitas pessoas me perguntam: “A vida imita a arte, ou a arte imita a vida?” – mais uma vez, devo dizer que não preciso de definições premoldadas para adquirir conhecimentos. Eu não devo seguir o mesmo caminho que todos seguem, só porque me disseram que este era o melhor a ser seguido. O conhecimento deve ser compreendido da forma mais plausível ao seu entendimento.

Como professor, tenho total liberdade de culpar a Literatura pela maioria das representações que temos hoje. Se pensamos que o índio é um ser menor e que depende da caça e da pesca pra sobreviver, devemos isso à Literatura (lembrando que não se fala de Literatura, apenas, o que é escrito); se achamos que o Brasil é, apenas, um país de mulatas, samba e futebol, devemos ao grande ato de reproduzir uma imagem que nos foi implantada por quem, nem ao menos, era brasileiro.

Será que temos uma identidade? Será que esta identidade que nos é pregada, serve de espelho para nós que, realmente, vivemos e construímos esta nação? Desde muito cedo, ouvimos e pregamos aquilo que nos foi dito, pois estamos acostumados a repetir o que ouvimos sem nem, quase sempre, fatidicar. Precisamos abordar as fontes, buscar as referências, necessitamos de algo que nos prove que o que ouvimos é verdadeiro. Não podemos, simplesmente, abrir a boca e levar adiante o que se fala por aí.

Há quem diga: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...” e desempenha a função de colaborador de uma magnificente fofoca dos dias atuais. Quem lhe garante que Jesus Cristo disse isso? Você já leu a bíblia? Enxergou lá essa passagem? Ou só a repete, porque alguém que lhe julga inferior lhe disse ter lido e, no entanto, confia-lhe a sua própria integridade intelectual?

Temos que deixar de lado a injustiça literária. Não podemos mais arcar com essa voluntariedade da reprodução e deixar que as pessoas implantem o que pensam e permitam que sejamos massacrados por ilesas descrições que não cabem aos nossos comportamentos ou características. Você já se perguntou por que a mulher brasileira é vista desta maneira? Você já se perguntou por que o pagode é ruim? Você já se perguntou quem designou que Shakespeare era erudito e Stephen King popular? Não, você nunca o fez, mas reproduz assim mesmo.

Há muito tempo sabemos que a cultura não é imposta pela massa, a cultura é imposta pela burguesia. Desde que o mundo é mundo, quem decreta o que serve e o que não serve são os ricos e não a plebe. A plebe é rude, não tem chances de participar da mesa decisiva do que será aprovado ou não. Os brancos falam do racismo, os burgueses falam da escravidão, os apaixonados falam do desencanto, os bem aventurados falam do desalento. Nunca passou na sua cabeça que eles entendem muito menos do que aqueles que, de fato, conhecem as suas historias?

Temos muitos pensadores e escritores que tentam demonstrar a real intensidade da valorização da sua cultura, mas não deve ser ouvido, pois a cultura interrompida pelos alicerces do capitalismo não desejam o que não vende. Luis Gama escreveu sobre a escravidão, mas quem vendia era o Castro Alves, pois lhe eram atribuídos fatores da sociedade que o permitiam perseverar. Um sertanejo escreve poesia, mas os versos que nos chegam são de personagens da “acrópole”, pois está mais perto do céu.

Pense bem, quem faz a Literatura não é você, mas quem reproduz o que nela existe é. Seja um leitor assíduo, seja um crítico insistente. Não deixe que lhe digam que está errado no que pensa, apenas aceite que há caminhos diferentes para se pensar a mesma coisa. Thomas Foster, certa vez, escreveu que não existem várias histórias, existe apenas, uma história, contada de pontos de vistas diferentes.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lugar de Criança é na Escola




Sempre que escuto um estudante dizendo que não teve tempo de fazer tal atividade, ou que tirou nota baixa, pois não teve tempo de estudar, eu lhe pergunto o motivo que o deixou sem tempo. Daí, escuto a pior das minhas lamúrias: o adolescente / a adolescente está sem tempo porque não consegue conciliar o estudo e o trabalho.

Eu me pergunto: até quando isso será visto no Brasil? Eu dou graças a Deus de ter conseguido completar os meus estudos sem precisar ter iniciado a minha vida trabalhista e posso dizer com todo orgulho que não me arrependo. A vida acadêmica é algo muito importante na história de qualquer cidadão. Esta é a parte da vida em que se presta atenção a todos os momentos para conseguir criar um vínculo crítico com a sua massa cinzenta pensante.

Fico muito triste sempre que acabo sabendo que algum estudante colegial está dividindo o seu tempo com o trabalho (muitas vezes pesado). Eu ainda tenho o pensamento “old school” de que a escola deveria ocupar todo o tempo do adolescente. Este precisa aprender a discernir os pensamentos, precisa saber criar movimentos, precisa se politizar. Sempre aprendi as questões sociais e educacionais dentro da própria escola.

Obviamente, que temos realidades diferentes. Há estudantes que necessitam trabalhar para ajudar a sua família; mas é, exatamente, contra isso que estou brigando. Não apoio, de forma alguma, o trabalho infantil. Todas as crianças devem estar na escola. Lugar de criança é na escola. Se hoje tenho pensamentos críticos e ideais, é porque a escola fundamentou estas idéias na minha percepção de mundo. Não existe intelecto sem esforço, não existe aprendizado sem cultura, não existe educação sem estrutura.

Todos reclamam da forma como o Brasil está. Muitos pais obrigam os seus filhos a trabalhar para conseguir dinheiro para sustentar as suas farras. Não acredito que esta seja a melhor forma de educar e mostrar quais são os valores coerentes para uma sociedade em crescimento. Sempre entendi que os pais devem educar os seus filhos para que aprendam a diferença entre os valores fatídicos do bom comportamento.

Quando um adolescente trabalha, assassinam alguns milhares de motivações de um avanço em prol da estrutura nacional. Então, os pais devem tomar conta dos seus filhos. Lembrando, sempre, que lugar de criança é na escola. Não devemos admitir que a saída do aluno seja, diretamente, para o trabalho. Devemos brigar com os nossos governantes e obrigar que eles nos deem métodos diferentes para o que estamos vivendo. As crianças pobres não são diferentes das crianças ricas. Nenhuma delas deveria estar intermediando o seu tempo entre aprendizado e força bruta.

O trabalho dignifica o homem, porém, devemos lembrar que, neste aspecto, esses seres ainda são crianças. O homem deverá nascer no momento certo dentro do seu interior e deve-se mostrar intelectual o suficiente para diferenciar trabalho de emprego.