quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A arte para todos



Existe um grande problema, em nossa sociedade educacional, que é a falta de incentivo para a arte. Eu costumo dizer aos meus estudantes que eles devem se sentir aptos a praticar o que a sua mente desejar projetar. Acredito que não há a existência de dons, ainda vou mais além, acredito que esta denominação e essa busca incessante por estes dogmas estão cravados em nossa cultura graças à massa manipuladora das idéias católicas para proteger os seus bons e destruir os maus.

Hoje, decidi que não devo mais esperar a iniciativa das instituições de ensino. Penso que os nossos estudantes não devem desperdiçar o tempo tentando provar que são bons, devemos entendê-los e apreciar o seu tempo mostrando que são bons de verdade. Reunirei todos os estudantes que gostam de escrever (começaremos com poemas) e reuniremos os melhores poemas que eles puderem produzir (esta seleção será feita por eles mesmos) e tentaremos, a todo custo, publicar um livro com toda a autoria voltada aos novos poetas que surgirão dentro da classe mais menosprezada do país: os estudantes.

Muitos outros professores me dizem que há muito mais a ser feito do que expô-los a uma experiência que poderá (e, segundo eles, deverá) fracassar e que os levará a uma onda de autodepreciação que poderá fazer com que desistam da arte. Eu posso garantir que o que os leva a esta depressão artística é a falta de estímulo e de chance para que possam mostrar do que são capazes.

Sofro muito, em sala de aula, porque os estudantes não tem com o que gastar as suas energias e inteligências. Gostaria muito que todos pudessem entender que eles merecem e necessitam de um olhar sensível que os faça acreditar neles mesmos. Os estudantes brasileiros (principalmente os baianos) não se acham capazes de “chegar lá” .

A minha proposta é que possamos facilitar este caminho para aqueles que, amanhã, possam ser, realmente, o futuro da nossa nação. Chega de imparcialidade. Agora, sabemos que ou você está do lado da arte, ou você está contra a adequação estudantil dentro do mundo da criatividade e liberdade de expressão.

O que você acha? De que lado se encontra? Leve essa discussão para a sua escola e faça com que todos os profissionais, envolvidos na área, sejam capazes de enxergar a única verdade fatídica na educação brasileira: temos artistas que estão apagados. Temos que dar uma chance para que eles possam entender o que se passa em suas cabeças.

Um comentário:

  1. Esse é um assunto que me deixa triste. Fiquei muito decepcionada na primeira vez que fiz vestibular para artes plásticas na UFBa porque, despreparada como estava, fui péssima na prova sobre história da arte. A decepção n foi comigo e sim com o estudo desse país que não me forneceu a opção de estudar história da arte na escola. Como vou fazer uma prova específica de algo que não aprendi na escola (uma vez q fazemos vestibular no final do 3º ano)? Isso foi muito revoltante. O que eu sabia foi graças às aulas de literatura que abordavam MUITO superficialmente (pois o foco eram os textos) sobre a arte nas pinturas, esculturas e arquitetura. Depois que perdi na prova, decidi tentar novamente e passei um ano todo me preparando para responder as questões de história da arte. Fiquei muito feliz por ter conseguido, por mérito próprio, estudar sozinha essa ciência cheia de detalhes que é a arte. Hoje, é a disciplina que mais gosto de estudar e não pretendo ficar só estudando, quero passar esse conhecimento para alunos não tornarem-se vítima do mesmo tipo de problema que eu tive. ;)

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